Como ser bem-sucedido na Transformação Digital
Transformação Digital (TD) é – ou deveria ser – tema central na pauta de 10 entre 10 CEOs de companhias de todos os tamanhos e setores de atuação. Afinal, pesquisas comprovam que empresas que decidiram abraçar a TD têm tido ganhos expressivos em sua performance, incluindo aumento no faturamento e ganho de market share.
A verdade, entretanto, é que muita gente fala sobre o assunto, mas vemos poucos casos com resultados concretos.
Afinal, criar um Digital Day não é promover uma TD. Ter um e-commerce não pode ser sinônimo de ter cultura digital. E contratar um diretor de digital transformation não vai resolver todos os seus problemas.
A TD é um processo longo, complexo e que precisa envolver todas as áreas de uma empresa toda para ser bem-sucedido.
Ok, mas por onde começar? Quais os erros mais comuns? Quais os principais fatores de sucesso?
Preparei uma guia com cinco dicas práticas para ajudar qualquer pessoa a conduzir um processo bem-sucedido de TD. É o tipo de coisa que eu gostaria de ter lido antes de começar uma jornadacomo essa.
1. Não é sobre tecnologia, é sobre pessoas
Diferentemente do que muita gente pensa, TD não é sobre tecnologia. Na verdade, tecnologia é parte fácil da história.
Basta ter dinheiro e tomar uma decisão de compra. A parte central de um processo de TD bem-sucedido deve ser centrado em pessoas, são elas que precisarão mudar.
A grande transformação que precisa acontecer é na forma de se pensar e fazer as coisas.
Toda mudança gera medo e causa dor, é por isso que boa parte das pessoas vai resistir bravamente.
Algumas delas, é importante dizer, ficarão pelo caminho. Outras aproveitarão a oportunidade para se destacar e ganhar uma projeção que não tinham.
É preciso uma atenção especial em explicar este processo a todos. Muitas TDs falham porque as lideranças não são eficientes em “convencer” o público interno sobre o assunto. TD é sobre gente. Sem transformação cultural, nunca haverá TD.
2. Sem patrocínio, não vai
Nunca vi uma TD bem sucedida sem que houvesse 100% de apoio da liderança da empresa. Como disse, este é um processo longo e doloroso que vai mudar radicalmente a companhia.
Eventualmente, pode haver perda de receita no curto prazo, pode haver necessidade de mudança de processos internos. Não é trivial. Sem suporte de quem toma decisão, não se avança um centímetro.
“Ah, mas meu CEO não é digital…” Ele não precisa ser digital para entender que novos modelos de negócio que usam plataformas digitais podem colocar o negócio dele em xeque. O papel da alta gestão é comprar a ideia e dar condições para que ela aconteça porque a mudança real virá em quem está no dia a dia.
3. Não tente mudar tudo de uma vez
Um erro clássico em processos de TD é a ideia de promover uma transformação radical e imediata.
Do dia para a noite, seremos todos digitais! Isso não funciona. As pessoas vão resistir e boicotar o processo ainda que inconscientemente. Como destravar isso? Comece pela parte mais fácil, busque a low hanging fruit, aquela área da empresa que está mais propensa a mudar.
Sempre tem uma equipe que está mais aberta ao novo. Faça um projeto localizado. Trabalhe duro, obtenha resultados palpáveis, crie um case. Construa um story teling que apresente esse caso de sucesso, mostre que a TD é positiva.
Mitigue os medos existentes e deixe claro para o resto da empresa que o esforço compensa. Comunicação é chave para o engajamento e sucesso do processo.
4. Quem manda é o consumidor
A principal mudança em termos de estratégia de negócio que uma TD traz é o fato de se começar a pensar tudo a partir da perspectiva do consumidor.
Não são mais as empresas que produzem o que querem e empurram goela abaixo do mercado.
É o cliente quem decide o que, como e quando quer consumir. E a TD vai mostrar que o papel do executivo é buscar esses insights e desenhar a estratégia a partir deles. Criar uma estratégia de negócios a partir da perspectiva do consumidor é que o as startups vitoriosas fazem melhor
que ninguém. E é o que a sua empresa deveria fazer também. Qual foi a última vez que você conversou olho no olho com seus clientes? Consumidores críticos dão consultoria grátis!
Parece algo simples, mas é profundamente transformador.
5. Comece já!
Quando a necessidade de mudança é inevitável, a saída é começar o quanto antes.
Não espere que o digital destrua empresas do seu setor para começar a agir. Poder ser tarde demais, comece já! Erros e ajustes de rota serão inevitáveis companheiros de viagem. Aprenda a lidar com eles e tirar aprendizado. Não existe TD perfeitamente executada do início ao fim.
Uma TD não é uma viagem de um ponto A à B, é uma jornada em que a gente sabe de onde parte mas que não sabe exatamente onde vai chegar. E essa é a beleza do processo.
O digital é democrático, vai impactar brutalmente todos os setores da economia. É só uma questão de tempo.
Cabe a cada um escolher: vai esperar ser atropelado ou vai iniciar agora o redesenho do seu negócio a partir de uma nova perspectiva?
Renato Mendes é autor do livro “Mude ou Morra”, sócio da Aceleradora Organica, professor na pósgraduação do Insper (Marketing Digital) e da PUC-RS (MBA de Gestão, Empreendedorismo e Marketing) e mentor Scale Up da Endeavor Brasil.
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